quinta-feira, março 22, 2007

Sensoriamento Remoto

Artigos sobre sensoriamento remoto
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sábado, março 10, 2007

Delimitar o território

Delimitar o território

Nesta aula, vamos a aprender que o território é a porção do espaço geográfico definida por relações sociais e políticas.

Sua origem está ligada às características geográficas, históricas e culturais de determinado grupo social que procura consolidar seu domínio sobre a área territorial que ocupa, ao mesmo tempo em que estabelece fronteiras que delimitam o espaço onde procura exercer sua influência.

Veremos também que as diferentes formas de apropriação social do espaço geográfico determinam territorialidades nas diversas extensões e em diferentes períodos de tempo.

Qual é o significado da luta pelo território no mundo atual? Qual o sentido da territorialidade como elemento de afirmação dos grupos sociais?

O estudo da Geografia Política mostra que a territorialidade pode ser entendida como uma estratégia para influenciar ações por intermédio do controle, não só do espaço, mas também do tempo, isto é, do espaço-tempo.

O território é importante condição de poder. Seu adensamento num espaço próprio e controlado, somado à aceleração de sua mobilidade nas áreas de fronteira, resulta num aprendizado social que se manifesta em novas formas de resistência organizada, como as que estão ocorrendo na Amazônia nos dias atuais.

A palavra território normalmente lembra o território nacional de um país que, como veremos mais adiante, pressupõe a existência de um Estado. Mas o território não deve ser necessariamente entendido na escala nacional e em associação com a figura do Estado. Territórios existem e são construídos nas mais diversas escalas, desde a menor, como a área sob controle de uma família ou tribo indígena, a mais ampla, como a área formada pelo conjunto dos países-membros da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) ou da União Européia (UE). Os territórios podem ter um caráter permanente, com limites bem definidos há muito tempo, assim como uma existência temporária, a exemplo da área ocupada por vendedores ambulantes nas ruas de uma cidade. Então, os territórios são definidos e têm duração por períodos de tempo variáveis, sejam séculos, décadas, anos, meses ou até dias e horas.

O território pode ser definido geograficamente, como o espaço concreto em si, com seus atributos naturais e socialmente construídos, que é apropriado e ocupado por um grupo social. Diz-se que o território dos Países Baixos (Holanda) é o resultado direto do esforço do homem, pelo fato de os holandeses não só controlarem os limites de seu país, como também disporem de vastas áreas que foram conquistadas ao mar, chamadas de pôlderes, mediante um engenhoso sistema de construção de diques e de drenagem dos terrenos que avançavam mar adentro. (saiba mais sobre pôlderes holandeses aqui)

A definição de um território é um fato gerador de raízes e de identidade cultural em um grupo social. Na realidade, uma comunidade não pode ser compreendida sem o seu território, pois a identidade sócio-cultural das pessoas está indissoluvelmente ligada aos atributos do espaço concreto (natureza, patrimônio arquitetônico, paisagem). Tome-se o exemplo das comunidades indígenas, nas quais o domínio social do território por meio da propriedade comunal é uma das raízes de existência da própria comunidade.

Os limites do território não foram e não são imutáveis, pois as fronteiras podem ser alteradas em decorrência da expansão das áreas de influência de um grupo social, seja sobre terras despovoadas, seja pela conquista dos territórios de outras comunidades. Existem limites naturais, como rios ou montanhas, que há muito tempo isolaram comunidades, criando dificuldades de comunicação entre elas. A palavra balcanização o, que passou a significar fragmentação política, surgiu por causa dos Bálcãs, um conjunto montanhoso que dá origem à península do mesmo nome, na Europa meridional, e que levou à formação de pequenos países, que muitas vezes não se comunicavam entre si, como a Albânia, a Croácia e a Macedônia.

Os impérios antigos, a exemplo do Império Romano, tinham uma imensa base territorial, da qual cobravam os tributos que mantinham os exércitos e o corpo de funcionários de Roma. A noção de província (do latim, pro vincere = para o vencedor) representava o território concedido ao conquistador, para que ele o administrasse em nome de Roma. Dessa maneira, o território é fundamentalmente um espaço definido e delimitado pelas relações de poder e a partir delas.

Na África, são numerosas as interseções entre os limites dos países e as fronteiras territoriais dos conjuntos étnicos. No final do século XIX, as potências coloniais européias partilharam entre si o continente africano, sem levar em conta a distribuição dos diferentes povos que o habitavam. Com a descolonização, os dirigentes dos novos Estados africanos fizeram acordos para manter as fronteiras definidas pelos colonizadores, o que provocou muitos conflitos, e continua provocando, já que algumas etnias são rivais tradicionais de outras que foram forçadas a conviver em um mesmo país.

A territorialidade deve ser entendida como uma correlação de forças espacialmente delimitada e operando sobre uma área geográfica específica. As grandes metrópoles modernas, com toda a sua complexidade, podem conter os exemplos mais interessantes e variados de territorialidades, isto é, de diversas formas de apropriação de territórios. Nelas podemos encontrar grupos sociais que vão ocupando áreas gradativamente, como os vendedores ambulantes nas principais ruas comerciais. Também existem territorialidades que resultam da ausência dos poderes públicos, a exemplo daquelas ligadas a atividades ilegais como o narcotráfico, ou a contravenções do tipo do “jogo do bicho”.

A apropriação dos espaços públicos por grupos privados é um atentado à cidadania. Exemplo disso é o que ocorre nas praias brasileiras, onde empresários inescrupulosos querem se beneficiar de uma paisagem privilegiada para obter lucros, desalojando populações pesqueiras e fechando praias para o uso público.

Há também a luta pela ocupação de terras abandonadas por trabalhadores que não têm onde morar e que, muitas vezes, constroem seus abrigos em áreas sujeitas a enchentes e desabamentos, o que muitas vezes é visto como uma “invasão” pelos demais moradores do bairro.

Um território pode ser uma superfície líquida, um “mar territorial”. Na Europa, já a partir do século XVIII, os Estados consideravam que sua autoridade se estendia por águas territoriais, quer dizer, sobre uma faixa de três milhas marítimas de extensão (1 milha = 1.852 metros), que correspondiam ao alcance dos canhões da época (isto é, até o alcance de “um tiro de canhão”).

Depois da Segunda Guerra Mundial, a extensão das águas territoriais foi estabelecida em 12 milhas. Mas a possibilidade de se explorar recursos minerais submarinos e o desejo de controlar as atividades pesqueiras fizeram com que os países litorâneos ou costeiros pressionassem a opinião pública mundial para o reconhecimento de uma área maior de soberania sobre as massas oceânicas contíguas aos seus territórios nacionais emersos. Surgiu assim o compromisso internacional sobre o direito do mar, que depois de negociações árduas, estabeleceu a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, aprovada em 1982, estendendo a autoridade de um país até uma faixa de 200 milhas ao longo de suas costas, e anexando os fundos marinhos até os limites da plataforma continental.

Mas isso nem sempre é aceito e tem levado a conflitos entre os Estados.

O desenvolvimento da aviação fez surgir o problema da soberania dos Estados na parte da atmosfera que está acima de seu território. A multiplicação dos satélites artificiais que giram ao redor da Terra coloca também novos problemas, embora o espaço além dos 40 km de altitude seja considerado, até o presente momento, como uma área internacional de livre circulação.

Vemos que existe uma grande riqueza de situações quanto à concepção do que é um território. É importante reconhecer que há níveis diversos de controle do território.

O controle exercido pelos detentores do poder científico-tecnológico moderno é cientificamente formulado e tecnicamente praticado, o que configura o contexto contemporâneo da gestão do território, que deve ser vista como uma a prática científica e tecnológica de poder no espaço e que deve fundamentar-se, cada vez mais, na autonomia de decisões e no direito democrático que as comunidades têm de decidir sobre o seu futuro.

Nesta aula, você aprendeu que:

o território representa a apropriação de determinada porção do espaço geográfico por um grupo social;

o domínio sobre um território contribui para reforçar a identidade cultural de um grupo social, e seus limites podem ser alterados pela expansão das fronteiras, seja em áreas despovoadas, seja pela conquista sobre outros grupos sociais. Assim, a territorialidade deve ser entendida como um espaço definido e delimitado pelas relações de poder e a partir delas;

essas relações, estabelecidas a partir dos diversos níveis de participação dos agentes sociais, configuram formas diversificadas de gestão do território.
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EXERCÍCIOS E REFLEXÕES PROPOSTOS SOBRE O TEMA

1º Por que o território é uma importante condição de poder?

2º Exemplifique territórios que podem ser definidos em escala local, nacional e supranacional.

3º “A dinâmica atual das fronteiras políticas entre os países, o surgimento de novos Estados e a reorganização de antigas nações resultam em novas formações territoriais que transcendem os limites dos próprios países.” Cite um exemplo das novas territorialidades que estão ocorrendo no mundo atual.

Publicado em

[http://www.bibvirt.futuro.usp.br/textos/humanas/geografia/tc2000/geo05.pdf#search='territorialidade'] – acesso em 10/03/2007 – 9h40.

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