segunda-feira, abril 17, 2006

Acerte os ponteiros - Isto É







Perfeição: eis o coração do novo
relógio, movido a átomos de
mercúrio e estrôncio




O relógio mais preciso do mundo Especialistas constroem relógio que será referência do planeta. Em 32 bilhões de anos, só atrasa um segundo


Por Luciana Sgarbi

Está sendo montado no Observatório de Paris o relógio mais preciso do mundo. A um custo de 500 mil euros e a perseverança de seis anos de trabalho, ele será a referência para o acerto de todos os ponteiros – desde o Big Ben, que crava a austera pontualidade britânica, até um mero relógio de pulso. É por ele também que se balizarão a internet e as empresas de telefonia de todo o planeta. O coração desse novo equipamento baterá movido por átomos de estrôncio e mercúrio que geram energia ao serem bombardeados por feixes de laser. Esses raios fazem as partículas atômicas vibrarem ao máximo e essas oscilações são “entendidas” pelos computadores dessa máquina como unidades de tempo – algo similar, em perfeição e complexidade, ao corpo humano, no qual coração e cérebro “trabalham” sincronizados para que nos mantenhamos vivos.

Nos relógios tradicionais movidos a césio, que já servem de referência mundial, um segundo é feito de 9.192.631.770 vibrações. O único inconveniente é que, nesse caso, os aparelhos atrasam um segundo a cada 52 milhões de anos. Isso já é um atraso insignificante e praticamente imperceptível. Pois, agora, pasmem: os ponteiros do novo relógio que os especialistas do Observatório de Paris estão construindo só precisarão de ajuste a cada 32 bilhões de anos. Já nos relógios bem mais simples, que são movidos a bateria e freqüentam o nosso dia-a-dia, a qualidade da energia que os mantém operando é instável devido à sua sensibilidade a interferências externas. Esses modelos atrasam um segundo por dia, mas esses atrasos, que parecem bobagem de tão ínfimos, acabam sendo graves quando acumulados ao longo de anos. Dá para imaginar o caos que se formaria nos mais diversos setores do nosso cotidiano se a marcação internacional do tempo fosse feita através deles – basta pensar em horários de vôos e em acidentes aéreos. Agora, com os olhos voltados para o novo relógio francês, dá também para pensar na maravilha de se estar atrasado apenas um segundo em um trilhão, cento e cinqüenta e dois bilhões de dias. Pelo menos tecnologicamente, o homem terá domado o tempo.




O BIG BEN VAI MAL Símbolo da impecável pontualidade britânica, o Big Ben marca o horário oficial do meridiano de Greenwich – a linha imaginária longitudinal que corta a Terra em duas metades, passando por Londres. O meridiano é o marco-zero para quem calcula os fusos horários e, sem ele, não daria para se saber as diferenças de horários entre cidades como São Paulo e Tóquio, que ficam em regiões opostas do planeta. Mas há um problema: o Big Ben não consegue manter as suas batidas. Para evitar atrasos, os funcionários são escalados para acertar as horas três vezes por semana. Construído há 147 anos, o Big Ben tem 98 metros de altura, ponteiros de cerca de 2 metros e um sino de 13 toneladas.