terça-feira, março 25, 2008

Objeto não-identificado é encontrado em Goiás Terra - Curiosidades

Objeto não-identificado é encontrado em Goiás Terra - Curiosidades

segunda-feira, março 24, 2008

Alguns Dados sobre o Planeta Terra

Fonte: Paulo Araújo Duarte. Professor de Astronomia do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina. Março/1999 - pduarte45@hotmail.com

· Diâmetro equatorial: 12.756,28 km. Valor adotado em 1976 pela União Astronômica Internacional (UAI) e pela União de Geodésia e Geofísica Internacional (UGGI) após medições com equipamentos modernos.
· Diâmetro polar: 12.713,5 km
· Densidade: 5,52
· Satélites: 1 (Lua)
· Distância ao Sol: 1 Unidade Astronômica (Em torno de 150 milhões de quilômetros)
· Área total do planeta: 510,3 milhões km2
· Área das terras emersas: 149,67 milhões km2 ( 29,31% )
· Área dos mares e oceanos: 360,63 milhões km2 ( 70,69% )
· Área do Oceano Pacífico: 179,25 milhões km2, incluindo Mar da China Meridional, Mar de Ojtsk, Mar de Bering, Mar do Japão, Mar da China Oriental e Mar Amarelo ( 49,7% das águas )
· Área do Oceano Atlântico: 106,46 milhões km2, incluindo Oceano Ártico, Mar do Caribe, Mar do Norte, Mar Mediterrâneo, Mar da Noruega, Golfo do México, Baia de Hudson, Mar da Groenlândia, Mar Negro e Mar Báltico ( 29,5% das águas )
· Área do Oceano Índico: 74,92 milhões km2, incluindo Mar da Arábia, Golfo de Bengala e Mar Vermelho ( 20,8% das águas )
· Profundidade média dos oceanos: 3.795 m
· Volume total das águas do planeta: 1,59 bilhões km³
· Circunferência da Terra no equador: 40.075 km
· Circunferência da Terra nos trópicos: 36.784 km
· Circunferência da Terra nos círculos polares: 15.992 km
· Circunferência da Terra nos meridianos: 40.003 km
· Diferença entre as circunferências equatorial e meridional: 72 km
· Velocidade orbital média: 29,79 km/segundo
· Idade da Terra: Em 1654, um arcebispo irlandês calculou, com base em textos bíblicos, que a Terra teria se formado às 9 horas do dia 26 de outubro de 4.004 a.C. Hoje, sabemos que a Terra tem em torno de 4,5 bilhões de anos. O Big bang teria ocorrido há 15 bilhões de anos atrás; as Galáxias teriam se formado há 13 bilhões de anos; as Primeiras estrelas teriam surgido há 10 bilhões de anos; o Sol teria se formado há 5 bilhões de anos; e a Terra há 4,5 bilhões de anos.
· Estrutura da Terra:
· Atmosfera: camada gasosa que vai até cerca de 1.000 km de altura
· Hidrosfera: conjunto das massas d'água, ocupando em torno de 70% da superfície
· Litosfera: camada superificial sólida, cuja espessura varia de 5 a 10 km sob os oceanos e de 25 a 90km nos continentes
· Manto: camada pastosa abaixo da litosfera ou crosta. Tem 2.900 km de espessura. Os elementos predominantes são: silício, alumínio, ferro, magnésio. A temperatura varia de 870°C junto à crosta até 2.200°C junto ao núcleo
· Núcleo: região interior da Terra, composta de ferro e níquel derretidos. A temperatura varia de 2.200°C a 5.000°C no interior. A parte central é formada de níquel e ferro em estado sólido devido às grandes pressões
· Atmosfera: Formada basicamente de Nitrogênio 78,084%, Oxigênio 20,946%, Argônio 0,934%, Outros gases 0,036%
· Divisão pelo critério térmico:
· Troposfera: vai até 12km de altura. Temperatura de 20°C a -60°C. Gradiente térmico negativo. Aviões a jato e balões andam por esta região
· Estratosfera: vai de 12 a 50 km de altura. Temperatura de -60°C a -5°C. Gradiente térmico positivo. É onde fica a Camada de Ozônio. Nela também chegam os Balões Meteorológicos, Aviões Supersônicos, Nuvens geradas por explosões atômicas e Matéria de erupções de vulcões
· Mesosfera: vai de 50 a 80 km. Temperatura de -5°C a -95°C. Gradiente térmico negativo. Nela ocorrem as reflexões das ondas de rádio
· Termosfera: vai de 80 a 500 km. Temperaturas de -95°C a 1000°C. Gradiente térmico positivo. Auroras polares, Nuvens noctilucentes. Reflexão das ondas de rádio
· Exosfera: vai de 500 a 800 km. É a região que antecede o espaço sideral e onde ficam muitos dos satélites artificiais. As moléculas gasosas começam a libertar-se da gravidade terrestre.
· Divisão pelo critério das condições químicas:
· Homosfera: até 100 km. Composição constante e regular. Predominam nitrogênio e oxigênio
· Heterosfera: de 100 a 500 km. Distribuição irregular dos gases. Predominam hélio e hidrogênio
· Exosfera: Acima de 500 km. Os gases começam a escapar da atração terrestre
· Deriva dos continentes:
· Há 400 milhões de anos havia o Pangea, que reunia todas as terras num único continente
· Há 225 milhões de anos o Pangea se parte no sentido leste-oeste, formando a Laurasia ao norte e Gondwana ao sul.
· Há 60 milhões de anos a Terra assume a atual conformação e posição dos continentes.
· Atualmente, a África e a América do Sul se afastam 7 cm por ano, ampliando a área ocupada pelo oceano Atlântico. O mar Vermelho está se alargando. A África migra na direção da Europa. A região nordeste da África está se partindo.
· Placas tectônicas: são os vários blocos em que a crosta está dividida. São separadas por grandes fendas vulcânicas em permanente atividade no fundo do mar, por onde o magma sobe para a superfície adicionando novos materiais à crosta, o que expande o fundo do mar e movimenta os blocos que formam a superfície em diferentes direções. Ao se movimentar, as placas se chocam entre si e provocam alterações no relevo. Em cada choque, a placa que apresenta menor viscosidade (mais aquecida) afunda sob a mais viscosa (menos aquecida). A parte que penetra tem o nome de Zona de Subducção.
· Formação do relevo: o relevo da Terra é influenciado pela ação de vários agentes que são responsáveis pela sua formação, desgaste e modelagem. Alguns agentes são internos e outros externos. Os principais são:
· Agentes internos: vulcanismo, tectonismo, abalos sísmicos.
· Agentes externos: ventos, chuvas, insolação, marés, animais, vegetação, ação do homem.
· Pontos mais altos do planeta:
· Na Ásia: Everest, no Nepal/China (8848 m ); K2, no Paquistão/China (8611 m ); Kanchenjunga, no Nepal/India (8597 m)
· Na América do Sul: Aconcágua (6959 m Argentina/Chile), Ojos del Salado (6880 m Argentina/Chile)
· Na América do Norte: McKinley (6194 m Alasca), Logan (5959 m Canadá)
· Na África: Kilimanjaro (5895 m Tanzânia)
· Na Europa: Monte Elbrus (5642 m Rússia), Mont Blanc (4807 m França/Itália)
· Extremos geográficos:
· Local mais chuvoso: monte Waialeale (Hawai, EUA) 11.680 mm anuais (Média de 974mm por mês). Chega a chover 350 dias por ano.
· Local mais seco: Deserto de Atacama, no Chile. Sem chuva durante 1571 anos (de 400 a 1971)
· Local mais quente: El Azizia, na Libia, com 58°C em 13/set/1922
· Local mais frio: Estação Vostok, na Antártica, com -89,2°C em 21/jul/1983
· Principais movimentos da Terra:
· 1- Rotação: em torno do próprio eixo em 23h 56min 4s. De Oeste para Leste. Velocidade de 1670 km/h no equador ou 0,47 km/s
· 2- Revolução: em torno do Sol em 365d 5h 48min 45,97s (365d 6h). Velocidade de 107.244 km/h ou 29,79 km/s. Com o eixo de rotação inclinado 23°27’ em relação ao eixo da eclíptica
· 3- Precessão: O eixo da Terra faz um círculo em torno do eixo da eclíptica no período aproximado de 26 mil anos, fazendo com que mude a posição dos polos celestes. Há 4 mil anos, o polo norte estava próximo da estrela alfa Draconis. Hoje está a 1 grau da Estrela Polar ou alfa da Ursa Maior. Dentro de 12 mil anos estará próximo à estrela Vega ou alfa de Lira. Este movimento faz mudar também a posição do Ponto Gama por entre as constelações zodiacais. Hoje, o Ponto Gama está na constelação de Peixes (Era de Peixes), entrando em Aquário mais ou menos no ano 2.600
· 4- Excentricidade da órbita: o movimento de revolução da Terra às vezes é mais achatado e outras vezes mais circular. Há 108 mil anos, era 3 vezes mais achatado do que hoje. Dentro de 24 mil anos, a excentricidade atingirá o seu mínimo, quando a órbita da Terra será quase um círculo.
· 5- Deslocamento do Periélio: faz-se em 21 mil anos. Motivo: influências gerais dos planetas. O eixo maior da órbita da Terra (linha dos apsides) se desloca, fazendo com que o periélio e o afélio se mova também. A passagem de um periélio retornará à mesma data a cada 21 mil anos. Atualmente ocorre a 2 de janeiro. Daqui a 6.400 anos ocorrerá no equinócio de outono; daqui a 11.500 anos, no solstício de inverno; e dentro de 21 mil anos, novamente a 2 de janeiro, no solstício de verão.
· 6- Variação da Obliqüidade: movimento de balanço que o eixo da Terra faz, chegando a um máximo de 24°30' e mínimo de 22° . Hoje, o eixo da Terra está inclinado 23° 27’ em relação ao Eixo da Eclíptica, decrescendo 47" por século. É um movimento que ocorre por causa de perturbações provenientes da ação conjunta dos planetas e do Sol ao longo da órbita anual de nosso planeta.
· 7- Nutação: parecido com a precessão dos equinócios, só que em escala bem menor, fazendo o eixo da Terra descrever uma pequena elipse em cerca de 18 anos e 7 meses.
8- Perturbações planetárias: movimentos irregulares e pouco previsíveis que podem ser provocados pela força gravitacional de outros planetas, principalmente Vênus e Júpiter. 9- Movimento do Centro de Massa Terra-Lua: trata-se do giro que faz o centro de massa do sistema Terra-Lua em torno do Sol. 10-. Movimento em torno do Centro de Massa do sistema solar: movimento de revolução ou translação que a Terra faz em torno do centro de massa do sistema solar (centro de massa que existe entre o Sol e todos os seus planetas). 11- Movimento de marés: trata-se da contração e descontração do globo terrestre em razão da força gravitacional da Lua e do Sol. 12- Rotação da nossa galáxia: a Via-Láctea gira em torno de seu centro, fazendo uma volta completa em torno de 250 milhões de anos. Assim, o Sol e todos os planetas (inclusive a Terra) giram também em volta do centro da galáxia. 13- Translação da nossa galáxia: como todo o universo está em expansão, nossa galáxia também viaja no espaço. Assim, a Terra e todos os demais planetas, inclusive Lua e Sol, estão se deslocando junto com a Via-Láctea. 14- Variação dos Pólos: seria uma variação da posição dos pólos da Terra em razão de algumas causas, como o deslocamento das placas tectônicas. (?) Apesar de que conste em algumas obras, não concordo que este seja um movimento propriamente dito de nosso planeta, pois trata-se de deslocamento dos seus pólos geográficos por algumas causas, como a movimentação das placas tectônicas e do núcleo de nosso planeta. Então, não se trata de um movimento do planeta e sim variações da posição do eixo magnético que não são causadas por balanço do planeta. Creio que este movimento não deveria ser considerado.
· Eras Geológicas. Segundo Viktor Leinz e Josué Camargo Mendes, o quadro cronológico que reflete os vários momentos da história geológica da Terra é o seguinte:



Anterior a 600 milhões de anos
Anterior a 600 milhões de anos
· Glaciações: a Terra já passou, pelo menos, por 3 grandes períodos glaciais.
· No período Pré-Cambriano, anterior a 600 milhões de anos;
· No Paleozóico Superior, entre 600 e 225 milhões de anos atrás;
· No Pleistoceno, entre 1,8 milhões de anos até 11 mil antes do presente. Este período ficou conhecido por "idade das glaciações";
· Contudo, sabe-se também que a Terra deve ter passado por períodos glaciais de curta duração, como foi o caso da chamada "Pequena Era Glacial" que ocorreu entre os anos de 1645 e 1715 de nossa era.
· Estações do ano no hemisfério sul:
· Verão (21/dez a 21/mar)
· Outono (21/mar a 21/jun)
· Inverno (21/jun a 23/set)
· Primavera (23/set a 21/dez)
· Alguns aspectos humanos:
· População mundial: 5,8 bilhões em 1997
· Taxa de crescimento demográfico: 1,6% ao ano
· A população mundial cresce na proporção de 1 bilhão a cada 11 anos
· Expectativa média de vida: 65 anos. A mais baixa está nos países do sul do Saara, que é de 52 anos.
· Mortalidade infantil média no mundo: 13,5% entre as nascidas vivas. Nos países desenvolvidos é 1,1%.
· Na África Central é de 17,5%.
· Concentração urbana: 45% da população mundial vive em cidades. Nos países desenvolvidos, 73% vivem em cidades. Nos países pobres temos 35% da população vivendo em cidades.
· A Organização das Nações Unidas (ONU) diz que 1/5 da população de países em desenvolvimento passa fome, enquanto que 1/4 da população não tem acesso a facilidades básicas, como água potável, e 1/3 vive em absoluta pobreza.
· Número de nascimentos no mundo:
· Por ano: 86.000.000 (projeção da ONU para o período de 1996 a 2015)
· Por mês: 7.166.667
· Por semana: 1.791.667
· Por dia: 255.953
· Por hora: 10.665
· Por minuto: 178
· Por segundo: 3
FONTES CONSULTADAS
ALMANAQUE ABRIL multimídia. São Paulo, Editora Abril, 1995
ALMANAQUE ABRIL multimídia. 4. edição. São Paulo, Editora Abril, 1997
ALMANAQUE ABRIL. São Paulo, Editora Abril, 1998
AYOADE, J. O. Introdução à climatologia para os trópicos. São Paulo, Difel, 1986
LEINZ, Viktor, MENDES, J. C.. Vocabulário Geológico. São Paulo, Cia Editora Nacional, 1963
LEINZ, Viktor, AMARAL, S. E. do. Geologia Geral. São Paulo, Cia Editora Nacional, 1966
MATSUURA, Oscar T. Atlas do universo. São Paulo, Scipione, 1996
MOURÃO, Ronaldo R. de F. Anuário de Astronomia 1993. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1992
MOURÃO, Ronaldo R. de F. Anuário de Astronomia 1996. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1996
MOURÃO, Ronaldo R. de F. Anuário de Astronomia 1997. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1997
MOURÃO, Ronaldo R. de F. Anuário de Astronomia 1998. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1998
MOURÃO, Ronaldo R. de F. Anuário de Astronomia 1999. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1999
MOURÃO, Ronaldo R. de F. Da Terra às Galáxias. Petrópolis, Vozes, 1984
PERSPECTIVES ON AN OCEAN PLANET. Califórnia, Topex/Poseidon, 1995. Multimídia
POPP, José Henrique. Geologia Geral. São Paulo, LTC, 1987
TUBELIS, A., NASCIMENTO, F. J. Lino do. Meteorologia descritiva. São Paulo, Nobel, 1986
VIANELLO, Rubens Leite, ALVES, Adil R. Meteorologia básica e aplicações. Viçosa, UFV, 1991

domingo, março 16, 2008

Domínio Público

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MANUAL DE DESASTRES DESASTRES NATURAIS

MANUAL DE DESASTRES - DESASTRES NATURAIS
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Astrônomos observam dupla de planetas errantes pela 1ª vez

Astrônomos do Observatório Europeu Austral, localizado no Chile, anunciaram a descoberta de uma dupla de planetas errantes (sem estrela-mãe) que giram ao redor deles mesmos e que vagam livremente pelo espaço.
Astrônomos do Observatório Europeu Austral, localizado no Chile, anunciaram a descoberta de uma dupla de planetas errantes (sem estrela-mãe) que giram ao redor deles mesmos e que vagam livremente pelo espaço. Esta é a primeira vez que se observam dois corpos celestes unidos pela gravidade de "planetas flutuantes livres" ("free floating planets", em inglês). O maior corpo celeste, com uma massa sete vezes maior do que a de Júpiter, foi detectado a cerca de 400 anos-luz de nosso sistema solar. O fato extraordinário é que ele não gira em volta de uma estrela, mas em torno de outro corpo frio com o dobro de sua massa. Ray Jayawardhana, da Universidade de Toronto, e Valentin Ivanov, do Observatório Europeu Austral, publicarão a descoberta na "Science Express", site da revista "Science". Durante os últimos cinco anos, os astrônomos identificaram algumas dúzias de objetos com massas inferiores, flutuando livres nas proximidades de regiões de formação estelar próximas, aos quais chamam de "planemos", mas nunca até agora unidos. "Este é um par de gêmeos verdadeiramente de destaque, já que cada um tem uma massa de apenas 1% de nosso Sol", declarou Jayawardhana. "Sua mera existência é uma surpresa e sua origem e seu futuro são um mistério", declarou. Fonte: Folha Online

As Eras Geológicas da Terra

Portal da Editora Libreria: "As Eras Geológicas da Terra"

Eras geológicas

Eras geológicas - Geografia -

Terra entra em nova Era Geológica?

Terra entra em nova Era Geológica?

Eras geológicas - Geografia

Eras geológicas - Geografia - UOL Educação

Eras Geológicas

segunda-feira, março 10, 2008

Mapas, o poder do conhecimento

Gilson Schwartz colunista da Folha de S.Paulo
As palavras "conhecimento" e "descoberta" guardam importante familiaridade. A história do conhecimento praticamente se confunde com a das "descobertas". Em alguns casos, de modo bastante literal: a descoberta do "Novo Mundo" esteve associada ao avanço da ciência e ao surgimento do moderno Estado de Direito.
A superação da fé que colocava a Terra no centro do Universo revelou conexões entre descobrir e conhecer. O avanço da astronomia conjugada à navegação deu aos primeiros Estados nacionais da Era Moderna a sustentação financeira e militar, pois os mares "nunca dantes navegados" tornaram-se também um palco privilegiado das guerras coloniais. O conhecimento de mapas e bússolas, no entanto, era a condição necessária para operar nas colônias as garruchas e os canhões.
O caráter ambíguo do conhecimento, para o bem e para o mal, a criação e a destruição, revela-se intensamente nos novos territórios percorridos por "navegadores" digitais. A empresa que mais caracteriza a atual etapa de desenvolvimento da economia da informação e da sociedade do conhecimento é justamente a Google (proprietária do Orkut), especializada no desenvolvimento de um "mapa da mina".
Surge, no entanto, uma contradição: se a produção do mapa pressupõe exatamente o conhecimento completo daquilo que está sendo mapeado, como produzir conhecimento, ou seja, descoberta, usando mapas? É como com terremotos: são desenvolvidas técnicas cada vez mais complexas para medir o movimento as placas tectônicas, mas é impossível prever onde e com que intensidade ocorrerá o próximo tremor.
O conhecimento da descoberta é ainda mais sutil, pois admitir algo novo exige também uma certa disposição mental e até ideológica. Para o fiel seguidor da teologia geocêntrica, Galileu Galilei era uma ameaça à sustentação da fé, não uma promessa de novas Cruzadas.
O tema é apropriado neste terceiro aniversário do ataque terrorista às torres gêmeas de Nova York. Coincide com os 350 anos de vida judaica nos EUA (parte do Novo Mundo). Em 1654, um grupo de 23 judeus saiu de Recife, expulsos com os holandeses pelas forças portuguesas. Rumaram para Nova Amsterdã, que viria a ser Nova York.
Mas o que fazia aquele grupo de judeus na terra que parecia prometida aos portugueses, descoberta por navegadores que empunhavam velas com grandes cruzes? Judeus e cristãos-novos haviam aportado na "terra brasilis" em busca de liberdades e, também porque, desde as primeiras caravelas (e já na Escola de Sagres), estavam entre os principais especialistas na produção e na utilização de mapas e bússolas. Sob o domínio holandês, a comunidade judaica em Recife passou de 2.000 almas.
O fato é que, quando o assunto é mapa, dificilmente se separa a divisão da terra de ideologia, cultura ou religião. Mais uma evidência inquietante de que o conhecimento de mapas é uma forma ambígua de orientação e uma sofisticada forma de dominação.
Gilson Schwartz, 44, economista e sociólogo, é professor da Escola de Comunicações e Artes da USP e diretor da Cidade do Conhecimento

http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u921.shtml

Para ouvir, ver e entender estrelas

Caminho das Pedras: Para ouvir, ver e entender estrelas

JOÃO STEINER especial para a Folha de S.Paulo
Os antigos chineses e egípicios já sabiam calcular a ocorrência de eclipses. Os gregos calculavam as órbitas dos planetas com razoável precisão. Ao fazer experiências sobre o movimento dos corpos, Galileu Galilei (1564-1642) deu origem à física experimental.
Galáxia Andrômeda, registrada pelo satélite Galex
Naquele momento, a astronomia já era uma ciência desenvolvida. Tycho Brahe (1546-1601) havia construído um observatório astronômico inovador e, ao fazer medidas dez vezes mais precisas do que qualquer anterior, possibilitou a base para que Johannes Kepler (1571-1630) descobrisse as leis do movimento das órbitas dos planetas.

O próprio Galileu avançou a arte e a ciência de observar os astros ao construir a primeira luneta, predecessora dos telescópios. Com esse instrumento simples e engenhoso, ele descobriu que Júpiter tem luas —e ele logo viu quatro, o suficiente para fazê-lo acreditar na teoria heliocêntrica de Copérnico (1473-1543). Não parou nisso. Apontou a luneta para o Sol e viu que o astro-rei tem manchas, nunca antes suspeitadas. Ao olhar a Via Láctea com esse pequeno instrumento, viu que ela é composta por um número espantoso de estrelas.

Foram tempos gloriosos, em que poucos pesquisadores provocaram revoluções expressivas. O impacto cultural foi tão grande que, por pouco, não levou Galileu para a fogueira da Inquisição.
Essas revoluções foram baseadas em avanços tecnológicos. Tycho produziu instrumentos precisos, mas sem componentes ópticos, que ele ainda não conhecia. As técnicas ópticas introduzidas por Galileu foram essenciais aos muitos avanços científicos que se seguiram.

Newton (1642-1727) forneceu novos avanços tecnológicos, ao mostrar que espelhos podiam ser polidos de forma a focalizar a luz. Sem essa tecnologia, os modernos telescópios não poderiam existir. Mostrou ainda que a luz branca pode ser decomposta nas cores do arco-íris. Isso resultou na espectroscopia e na astrofísica.

Para observar fenômenos cada vez mais fracos e de forma cada vez mais precisa, a história da astronomia moderna se confunde com a da tecnologia da qual ela é, ao mesmo tempo, promotora e beneficiária. Surgiram como subprodutos o relógio mecânico, a óptica, a mecânica de precisão e, no século 20, a física de plasma e uma miríade de técnicas, muitas associadas a pesquisas espaciais.

No século 19, a ciência astronômica avançou na observação e na catalogação de estrelas, nebulosas e cometas sem que se tivesse clareza sobre sua natureza. Essa natureza se revelou só na primeira metade do século 20, quando se descobriu que o Sol é uma estrela típica entre 100 bilhões de outras, que giram em torno de um centro comum, formando uma estrutura que denominamos galáxia, a nossa Via Láctea, visível a olho nu.

Logo depois, Edwin Hubble (1889-1953) mostrou que há muitas galáxias que se afastam umas das outras, o que é conhecido como a expansão do Universo. Essa descoberta deu origem à teoria do Big Bang, segundo a qual o Universo se iniciou com uma explosão há cerca de 14 bilhões de anos. Em 1965, foi descoberta a radiação de fundo em microondas, que comprova, em grande detalhe e precisão, não só que o Big Bang existiu mas que ele ocorreu de forma inflacionária, isto é: nas primeiras frações de segundo, houve uma expansão extraordinária. Por isso existem as galáxias e seus aglomerados.

Em 1998 descobriu-se que o Universo está em expansão, mas, ao contrário do que se imaginava, essa expansão está em aceleração. É uma comprovação de que a maior parte da energia do Universo está sob a forma de uma misteriosa energia de repulsão, que faz com que as galáxias tendam a se afastar umas das outras.

O mais espantoso disso tudo é que todos os objetos e toda a matéria que conhecemos no Universo —as cerca de 100 bilhões de galáxias, cada uma com 100 bilhões de estrelas— são a ponta do iceberg. Tudo somado forma somente 4,6% da massa do Universo. Dos restantes 95,4%, não temos a mais vaga idéia do que sejam. Isso sugere que a astronomia, que é a mais antiga das ciências, seja também a ciência do futuro.

João Steiner, 53, é astrofísico, professor titular do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas) e diretor do IEA (Instituto de Estudos Avançados), ambos da USP. É também presidente do consórcio Soar.
Fonte:Folha Online 2004
MAIS:Folha Online - Sinapse - Treze olhares para entender as estrelas - 27/01/2004