Ciência
O mundo da física gastou 14 anos e US$ 8 bilhões para construir o Large Hadron Collider (LHC). Nele, os cientistas vão colidir prótons e íons uns com os outros para recriar as condições que existiram apenas um trilionésimo de segundo após o Big Bang, a explosão que teria dado origem ao Universo. Nos detritos dessa recriação primordial, esperam encontrar pistas sobre a natureza.
Mas dois homens, Walter Wagner e Luis Sancho, entraram com uma ação na corte federal do Havaí (EUA) contra a realização das experiências. Sustentam que os cientistas do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), responsável pelo LHC, subestimaram a chance de que o imenso acelerador de partículas, previsto para entrar em funcionamento no meio do ano na fronteira da Suíça e da França, possa criar, entre outros horrores, um buraco negro que acabaria devorando a Terra inteira.
A ação, apresentada no dia 21 de março na Corte Federal de Honolulu, pede que o Cern seja proibido de fazer testes com o acelerador até que seja produzido um relatório sobre a segurança das pesquisas. O Departamento de Energia, o Laboratório Fermi, a Fundação Nacional de Ciências (todos dos EUA), além do próprio Cern, são citados como réus. Segundo um porta-voz do Departamento de Justiça dos EUA, uma audiência foi marcada para 16 de junho.- Há muita propaganda dizendo que o acelerador é seguro, mas basicamente é só propaganda - diz Wagner, que mora no Havaí, estuda física e fez pesquisas sobre raios cósmicos para a Universidade da Califórnia, enquanto Sancho, que mora na Espanha, descreve a si mesmo como um autor e pesquisador da teoria do tempo.
- Nada sugere que o acelerador seja inseguro - diz James Gillies, chefe de comunicação do Cern, acrescentando que a segurança do projeto foi confirmada em dois relatórios e que um terceiro está a caminho e será apresentado em breve à comunidade científica.Embora muito improvável, cálculos teóricos sugerem que um minúsculo buraco negro pode realmente surgir no acelerador de partículas quando prótons e íons se chocam a velocidades próximas à da luz - hipótese que, nos últimos anos, tem sido difundida com estardalhaço em muitos trabalhos científicos e artigos populares. Mas isso representa perigo?
De acordo com o estudo de 1974 do cosmologista Stephen Hawking, um buraco negro criado nestas condições rapidamente se evaporaria em uma nuvem de radiação e partículas elementares, e não se constituiria em uma ameaça. Porém, ninguém jamais soube de um buraco negro que tenha se evaporado.Membros de grupo independente que está avaliando a segurança do LHC, Michelangelo Mangano, teórico do Cern, e Steve Giddings, da Universidade da Califórnia, têm trabalhado nos últimos meses em um artigo explorando todas as possibilidades desses buracos negros. Eles acham que não há problema, mas estão relutantes para conversar sobre suas descobertas até terem os cálculos revisados, disse Mangano.
Devido à natureza aleatória da física quântica, há alguma probabilidade de que quase tudo possa acontecer. Inclusive a de que o Large Hadron Collider crie os dragões que irão nos devorar.
The New York Times
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O CERN
- O Cern será o maior
acelerador de partículas do mundo. Está sendo construído perto de Genebra, entre as fronteiras da Suíça e da França. O laboratório é mantido pela Organização Européia de Pesquisa Nuclear e deve entrar em operação no segundo semestre deste ano.
O laboratório consiste de um túnel em forma de círculo (abaixo), com 27 quilômetros de extensão, localizado cem metros abaixo da superfície.
Neste túnel, cercado por poderosos ímãs, os físicos vão acelerar prótons ou íons a velocidades próximas à luz, para provocar sua colisão. Esperam, assim, recriar condições como as do Big Bang, a grande explosão que teria dado origem ao Universo.
Fonte:
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&edition=9608#b183
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