DUJIANGYAN, China (AFP) — O terremoto mais violento que abalou a China em mais de 30 anos já deixou mais de 20.000 mortos e desaparecidos no sudoeste, e os socorristas ainda estavam nesta terça-feira vasculhando as toneladas de escombros para tentar encontrar sobreviventes.
O Exército e os socorristas tentavam se aproximar por ar, mar ou terra das áreas afetadas pelo violento terremoto, de 7,9 na escala Richter, que destruiu escolas, casas e usinas na tarde de segunda-feira.
As redes de televisão mostraram imagens de prédios destruídos, de estradas partidas ao meio, de pedaços inteiros de montanhas caídos e de sobreviventes sendo retirados dos escombros.
Em sinal de luto, os organizadores dos Jogos Olímpicos decidiram reduzir ao mínimo os festejos programados durante a passagem da tocha olímpica pelo país.
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e seu colega chinês, Hu Jintao, conversaram por telefone nesta terça-feira, e Bush ofereceu à China toda a ajuda necessária, informou a televisão nacional chinesa.
A Casa Branca anunciou o desbloqueio de uma verba inicial de 500.000 dólares para as vítimas do terremoto.
A província mais abalada pela catástrofe é Sichuan, onde mais de 12.000 mortes foram confirmadas. Além disso, pelo menos 9.400 pessoas ainda estão sob os escombros.
No entanto, este balanço ainda deve piorar.
O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, admitiu que a situação está pior do que se pensava inicialmente. Réplicas do terremoto continuam sacudindo a região.
"Temos atualmente muitas dificuldades nas operações de socorro", declarou durante uma reunião de crise no centro de socorristas de Dujiangyan.
"Não podemos contar apenas com as equipes médicas da província de Sichuan, precisamos que equipes venham do exterior", afirmou Wen, citado pela televisão nacional.
Milhares de pessoas estão desaparecidas, provavelmente soterradas sob toneladas de escombros, e as necessidades em alimentos, medicamentos e equipamentos de primeiros socorros são urgentes.
Na cidade de Mianzhu (Sichuan), onde pelo menos 2.000 pessoas morreram, os socorristas estavam tentando levantar pedaços de concreto e vigas de aço para resgatar sobreviventes.
"Meu irmão mais novo está aí embaixo", comentou Li, 42 anos.
"Não dormimos, ficamos aqui olhando a noite toda", acrescentou.
De acordo com autoridades da pequena cidade de Mianyang, perto do epicentro do terremoto, 3.629 pessoas foram mortas e 18.645 pessoas estariam presas sob os escombros.
Cerca de mil estudantes e professores também faleceram ou estão desaparecidos desde o desabamento de sua escola, no distrito de Beichuan, ao nordeste do distrito de Wenchuan, local do epicentro. Mais de 80% das construções desmoronaram, segundo autoridades de Beichuan. "O número de mortos e desaparecidos é estimado em mais de 1.000", nesta escola, afirmou a agência Nova China.
Muitas crianças, que estavam assistindo a aulas durante a catástrofe, estão entre as vítimas.
Em Dujiangyan, cerca de 50 km ao sul de Wenchuan, representantes do colégio Xiang'e afirmaram que menos de 100 das 420 crianças do estabelecimento sobreviveram ao terremoto.
"Perdi tudo. Minha casa e minha mãe", lamentou um morador da cidade, Wen Xiaoping, estático diante do corpo de sua mãe, retirado dos escombros.
Em Shifang, uma cidade entre Chengdu e Wenchuan, cerca de 500 pessoas morreram e 3.000 ficaram feridas. Mais de 2.000 foram soterradas.
Ainda em Sichuan, duas usinas de produtos químicos desmoronaram, soterrando centenas de funcionários e provocando a evacuação de 6.000 moradores, informou a Nova China.
Na mesma província, 37 turistas, cuja nacionalidade não foi especificada, que viajavam de ônibus, morreram em um deslizamento.
Mais de 50.000 soldados foram mobilizados para participar das buscas, mas as chuvas torrenciais que caíram sobre a região estão dificultando o trabalho dos socorristas e o transporte de alimentos e equipamentos de primeira necessidade.
Este terremoto é o mais grave que conheceu a China desde 1976, ano em que um sismo deixou 242.000 mortos em Tangshan, perto de Pequim.
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